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Cap. 67

Ilustração com um fundo branco, sobre o qual está a silhueta contornada em vermelho de um indígena, usando penas na cabeça e um colar com um medalhão.ao fundo, sobre um solo preto está um cedro, com tronco negro e folhas vermelhas.

— Na’á, o que a senhora está fazendo aqui, sozinha, à noite, no meio do nada? – pergunta, agora em tom menos autoritário, o pai de Cobra Traiçoeira.

A mulher se aproxima de Cobra Traiçoeira e continua a falar, mas em Siksikáí'powahsin:

— Vim fazer o que sempre faço. Cuidar da tribo. Proteger minha família.

— Desça. – diz ela gentilmente a Cobra Traiçoeira. — Venha abraçar sua avó.

Cobra desce do cavalo e ajoelha-se para abraçar a senhora que é muito mais baixa do que ele.

— Você continua sendo um mensageiro de Napi, não é? – diz a senhora, passando a mão pela cabeça do neto.

— Vamos, seu amigo parece que não vai aguentar muito tempo mais. – comanda a mulher, deixando os nativos divididos sobre a quem obedecer.

Os olhares passam pela mulher, por Urso Negro e param no chefe Cedro Vermelho, o pai de Cobra Traiçoeira.

O chefe se aproxima da mãe, olhando-a nos olhos à procura de uma razão para não acabar pelo menos com os brancos ali mesmo.

— Chega de mortes. – repete a senhora.

Cedro Vermelho respira profundamente, solta vagarosamente o ar com os olhos fechados e acaba por concordar com a mãe:

— Chega de mortes. Os náápiikoaiksi podem seguir para a aldeia.

Os indígenas não contestam, mas é fácil perceber a agitação e murmúrios entre eles.

— O que está acontecendo? – pergunta Wayne.

Cobra Traiçoeira: — Meu pai autorizou nossa entrada na aldeia. Ao passar ao lado do chefe, o xerife demonstra sua gratidão: — Obrigado, nĭ‘nna.

A frase foi dita em tom baixo e rapidamente, mas foi o suficiente para arregalar os olhos do chefe e fincar estacas de gelo na espinha de Cobra Traiçoeira.

Wayne vê a insatisfação no olhar de seu acompanhante e parece perceber seu erro: — Já sei. Me desculpe. Falei o nome dele errado também, não foi?

Urso negro, que também ouviu a frase, olha para Cedro Vermelho à espera da ordem de execução, mas o chefe continua respirando profundamente e repetindo para si mesmo: — Chega de mortes.

Porém, não consegue evitar que seus dentes se cerrem enquanto assiste aos dois brancos seguindo com seu filho por suas terras e acrescenta: — Por enquanto.
 

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